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quarta-feira, 21 de julho de 2010

O que está acontecendo com a mão de obra brasileira?

Li duas notícias alarmantes: a que o Brasil está atraindo trabalhadores estrangeiros qualificados e outra que conta que cresce exponencialmente o interesse de jovens brasileiros por oportunidades no exterior.
A primeira notícia foi lida no Valor (19/07/2010) e conta que as concessões de visto de trabalho a estrangeiros no Brasil crescem a uma taxa média anual de 17%. Atraídos pelo bom momento da economia, por altos salários e oportunidades em áreas onde há evidente carência de mão de obra qualificada, quase 180 mil profissionais dos cinco continentes aportaram no país nos últimos cinco anos, de acordo com levantamentos produzidos pela Coordenação Geral de Imigração (CGI) do Ministério do Trabalho. Mais de 90% dos quase 180 mil estrangeiros que receberam, ao longo dos últimos cinco anos, algum tipo de visto de trabalho para atuar em terras brasileiras têm diploma universitário, ensino médio completo ou algum grau de especialização técnica, destaca o relatório "É imprescindível que a mão de obra nacional esteja preparada para competir com os estrangeiros", alerta o texto. O dado revela não só a escassez de pessoal especializado para atender à forte demanda atual do mercado de trabalho nas áreas de indústria, infraestrutura, energia, petróleo e gás, infraestrutura e energia. A importação de trabalhadores estrangeiros também demonstra que a educação no país apresenta dificuldades para acompanhar as necessidades de desenvolvimento do país, como argumenta André Portella, professor de economia do trabalho da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Já a segunda notícia foi lida no site da Você S/A e conta que o fluxo de jovens migrando para empresas no exterior deve aumentar nos próximos dez anos. O número de pessoas nascidas entre 1980 e 2000 dispostas a trocar a terra natal por um emprego em outro país deve aumentar em 50%, de acordo com o estudo “Managing Tomorrow's People: The Future of Work to 2020”, da empresa de consultoria Pricewaterhousecoopers. Mas não justifica o porquê dessa tendência.
Acredito que essa questão vai além do âmbito privado e chega ao governo brasileiro que agora tem o desafio de reter seus talentos, filhos do Brasil. É evidente que se chegamos ao ponto de atrair mão-de-obra estrangeira e repelir os talentos brasileiros, algo está muito errado com a gestão do Brasil e quando digo isso me refiro às políticas econômicas adotadas, gastos do governo e incentivos fiscais para as empresas, educação, infraestrutura entre uma série de outros fatores que vão desde à qualidade de vida (segurança, cultura, lazer...) até o detalhamento da estrutura da máquina governamental como fluxo de aprovação de projetos de leis, emendas constitucionais e afins.
A reportagem do Correio Braziliense de 04/01/2010 aponta que títulos comemorativos, homenagens tardias e nomes de vias estão entre os mais de 2 mil atos aprovados em 2009 pelos parlamentares. Ao mesmo tempo em que vejo a negligência da boa gestão pública, vejo iniciativas importantes que contribuem para o crescimento do país e, conseqüentemente do setor privado.
A pergunta que deixo é a seguinte: Diante do atual quadro econômico (crescimento altamente instável e duvidoso), político, social e cultural brasileiro, o que as organizações privadas podem fazer para reter seus talentos e gerar um diferencial estratégico nesse sentido?
Moral da história: A informação por si só não é poder. O saber o que fazer com ela o é.
Não basta ver o que está acontecendo, é preciso saber se posicionar adequadamente diante das circunstâncias. A Gestão do Conhecimento não está somente em fazê-lo fluir, mas em sabê-lo usar com sabedoria. O conhecimento a serviço do desenvolvimento pessoal, organizacional, familiar ou público promove a prosperidade transforma-se em sabedoria.

Espero que gostem. Um grande abraço!

Patrícia Machado Dias e Silva

7 comentários:

  1. Paty, excelente. O assunto foi discutido pelo Brandão na classe lembra? eu assim como eu comentei em um post da Ana, digo aqui tb, não importa em nivel esteja falando, o importante é cuidar para que nenhum tipo de mão de obra e trabalho essencial falte. E para tanto é preciso que exista uma mudança significativa nos valores e reconhecimentos desses profissionais.
    Cristina Zafred Zanaga
    http://toquenacucadagv.blogspot.com

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  2. E viva! Obrigada pelos comentários! É verdade Cris, o Brandão falou mesmo da escassez de mão-de-obra, e falou ainda que o objetivo do curso era nos ensinar a ter uma visão do todo, da parte economica, política, social, etc, para que façamos uma boa gestão, em dia com as mudanças globais e nos posicionemos o mais estratégicamente possível.
    Muito legal!

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  3. Paty, muito boa sua reflexão e opinião sobre o que tem lido com relação a escassez de mão de obra qualificada. Isto tudo me gera muita angústia, pois é como se soubéssemos de tudo o que está por acontecer, mas com as mãos atadas frente a tudo isto. A questão é tão macro (política e social) que não consigo imaginar uma solução ágil e eficaz. É claro que podemos começar com o que depende de nós. As eleições de outubro, pode ser um bom começo...

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  4. Fazer com que o profissional seja valorizado e sinta-se inserido é um dos papéis do gestor nos dias de hoje, com objetivo de reter talentos bem como desenvolve-los, pois a escassez de mão de obra qualificada muitas vezes se deve a não preocupação em desenvolver/investir em pessoas
    Patrícia Rodrigues Correia

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  5. Paty, que interessante a forma com que vc desenvolveu este tema.
    Muitas empresas perdem talentos por estarem focadas somente nos resultados. Há um miopia tanto da Gestão como de RH que "esquecem" que o capital humano é primordial para alcançar metas e trazer ganhos finaceiros.

    Parabéns!
    Tatiana
    http:\\fgvgc.blogspot.com

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  6. Verdade. Acho isso o fim! Temos profissionais capacitados para qualquer cargo no Brasil. O problema consiste em achar que tudo que é dos outros é melhor!
    Já sobre a migração de jovens para o exterior, diz a lenda que os ingleses não gostam muito de estudar. Por isso empresas inglesas oferecem cursos de pós graduação aos seus funcionários estrangeiros, bolsas de 100%, desde que aceitem trabalhar na empresa por mais dois anos após a conclusão do curso. Caso você peça demissão ou seja demitido por justa causa, deverá ressarcir a empresa.
    E você?! Aceitaria? O investimento em um MBA é alto. Morar fora, aprender outra língua, acrescentar no curriculum experiência no exterior e ainda ter 100% de bolsa no MBA...

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